sexta-feira, 23 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

HOMILIA NA FESTA DE SÃO VICENTE DE PAULO, BELMONTE 19/07/2010
Jesus vive e é o Senhor, para a glória de Deus Pai!
DEUS CARITAS EST
“Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4,16). Estas palavras da I Carta de João exprimem, com singular clareza, o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e também a consequente imagem do homem e do seu caminho. Além disso, no mesmo versículo, João oferece-nos, por assim dizer, uma fórmula sintética da existência cristã: “Nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem”. Com tais palavras Bento XVI inicia suas encíclicas inaugurando seu pontificado!
Nós cremos no amor de Deus — deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida. Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. No seu Evangelho, João expressa este acontecimento com as palavras seguintes: “Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único para que todo o que n'Ele crer (...) tenha a vida eterna” (3,16). Com a centralidade do amor, a fé cristã acolheu o núcleo da fé de Israel e, ao mesmo tempo, deu a este núcleo uma nova profundidade e amplitude.
E nós, hoje, ao celebrarmos a festa de São Vicente de Paulo, nada mais propício refletirmos a virtude teologal do amor, a caridade, tão experimentada por São Vicente como bem sabemos! Inpirado por seu amor a Deus e aos pobres, Vicente de Paulo foi o criador de muitas obras de amor e caridade que até hoje estão prestando serviços à humanidade. Sua vida é uma história de doação aos irmãos pobres e de amor a Deus. Sempre se preocupou com as crianças enjeitadas e abandonadas, com os velhos e com os pobres e doentes.
Depois de termos refletido um pouco sobre o amor e sua vivência por parte de são Vicente, resta uma dupla pergunta a propósito do nosso comportamento: É realmente possível amar a Deus, mesmo sem O ver? E a outra: o amor pode ser mandado? Contra o duplo mandamento do amor, existe uma dupla objeção que se faz sentir nestas perguntas: ninguém jamais viu a Deus — como poderemos amá-Lo? Mais: o amor não pode ser mandado; é, em definitivo, um sentimento que pode existir ou não, mas não pode ser criado pela vontade. A Escritura parece dar o seu aval à primeira objeção, quando afirma: “Se alguém disser: "Eu amo a Deus", mas odiar a seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama a seu irmão ao qual vê, como pode amar a Deus, que não vê?” (1 Jo 4, 20). Este texto, porém, não exclui de modo algum o amor de Deus como algo impossível; pelo contrário, em todo o contexto da I Carta de João, tal amor é explicitamente requerido. Nela se destaca o nexo indivisível entre o amor a Deus e o amor ao próximo: um exige tão estreitamente o outro que a afirmação do amor a Deus se torna uma mentira, se o homem se fechar ao próximo ou, inclusive, o odiar. O citado versículo joanino deve, antes, ser interpretado no sentido de que o amor ao próximo é uma estrada para encontrar também a Deus, e que o fechar os olhos diante do próximo torna cegos também diante de Deus.
Esta estrada foi trilhada intensamente por são Vicente, que nós, ao olharmos para sua imagem, busquemos nos espelhar no mesmo seguimento!
SÃO VICENTE DE PAULO! Rogai por nós!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

HOMILIA NA FESTA DE NOSSA SRA. DO CARMO, BELMONTE 16/07/2010
Jesus vive e é o Senhor, para a glória de Deus Pai!
Que alegria para mim, participar pela primeira vez da festa de Nossa Sra. do Carmo e dirigir a presente reflexão! Fizemos um bonito e profundo caminho neste novenário, onde pudemos conhecer e nos aprofundar na compreensão dos sete presentes que Deus nos dá, através da Igreja, os Sacramentos, sinais sensíveis da Graça invisível de Deus, instituídos por Cristo e confiados à Igreja! Tudo em honra e louvor à Senhora do Carmo, nossa padroeira!
Pois bem, muitos nos acusam ou nos questionam de adorar Maria, razão porque a nossa salvação provém de Jesus Cristo! Nós não a adoramos, adorar, só a Deus! E nós sabemos por que falamos, exaltamos a Maria em nossa liturgia? Pois bem, o primeiro motivo lógico é sua relação com Cristo, e isso ninguém pode negar, pois constitui norma e vínculo para todos os cristãos. Não somente por razões históricas, mas também por razões objetivas e teológicas. A salvação do homem consiste na comunhão com o Deus trino – Pai, Filho e Espírito Santo – comunhão que lhe é concedida através do encontro existencial com Jesus Cristo: quem o vê, vê também o Pai (cf. Jo 14,9).
Por isso, a salvação é sempre a salvação em Cristo; esta tem lugar quando alguém se insere nele, cabeça do corpo que é a Igreja. A salvação se decide neste “estar em”. A Mãe do Senhor, aqui a Senhora do Carmo, constitui importante ponto de referência neste empreendimento. Ela esteve unida a ele de maneira única não só no plano biológico, mas também – e, sobretudo – no plano espiritual, religioso e existencial. Por isso mesmo, aquele que em seu espírito, em sua espiritualidade e conduta prática e se aproxima o mais possível de Maria, também se encontra numa relação estreita com Cristo e se coloca realmente naquilo que decorre do mesmo, que conduz nossa vida ao Deus uno e trino.
Segue-se que Maria, não é a meta, o fim da existência cristã, a Igreja não diz isso, mas ela é sim, o seu modelo, e neste sentido é insubstituível. Basta que nos aprofundemos em todas suas devoções!
O Sacrossanto Concílio Ecumênico da Igreja, Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumem Gentium diz-nos que “a relação de Maria com a Igreja está intimamente ligada aos fatos: de Maria ser serva do Senhor na obra da redenção e santificação. Maria é vista pelo Concílio como tipo da Igreja devido às dignidades de Virgem e Mãe.” A mesma Constituição apresenta Maria “como sinal da Esperança e Conforto do Povo de Deus que peregrina rumo à Pátria celeste.”
O Carmelo, monte da Galileia, perto do mar mediterrâneo, é contado na Bíblia por sua beleza e rica vegetação, principalmente por ser o centro da atuação do profeta Elias em defesa da fé israelita. Nos primeiros tempos do cristianismo alguns eremitas ali constituíram um convento sob a invocação de nossa senhora, fundando assim a ordem dos Carmelitas. Sua memória é celebrada hoje, dia 16 de Julho para recordar a data em que o primeiro geral da ordem recebeu das mãos de Maria o “escapulário” com a promessa de abençoar e acompanhar a todos os que usarem.
Celebramos esta festa da Páscoa de Maria, dando graças ao Pai que exalta a mulher, Maria de Nazaré e nela, nos oferece o sinal da vitória definitiva de toda a humanidade, contra o que contraria o seu projeto de amor, pela força da ressurreição de Jesus Cristo, nosso Salvador. De Maria, a senhora do Carmo, inspiremo-nos no fato de antes de ter gerado Jesus no ventre, gerou-o no coração, ou seja, permitamos que Jesus faça morada em nosso coração, transformando nossas vidas, fazendo-nos homens e mulheres novos, tomados por teu Espírito no sentido de participarmos efetiva e eficazmente na edificação de seu Reino, de sua Igreja! Dado que Maria é figura da comunidade cristã, e da Igreja, que intercede por ela para que seja fiel ao Senhor, lutando contra os poderes do mal que se opõem ao Projeto de Deus. Com sua ajuda, a Igreja vencerá as forças da morte e caminhará rumo à vida definitiva proporcionada por Jesus Cristo. Maria é ainda, modelo do discípulo: sua grande bem-aventurança além de ser Mãe de Jesus, é ter acreditado na palavra de Deus e agido conforme esta palavra. Que o façamos também nós, filhos fiéis e devotos da Mãe do Carmelo!
NOSSA SENHORA DO CARMO! Rogai por nós!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Eucaristia, mistério da fé. Leitura dos textos 1Cor 11,17ss; Jo 6.13
Em 1996 no XIII CEN em Vitória-ES, cantávamos “Fonte de alegria, santa Eucaristia, vida para a Igreja, sê em nossa história o pão da vitória, que o Brasil deseja”. De fato, podermos contemplar a Eucaristia é depararmo-nos com uma inesgotável fonte de alegria, fonte de vida, pois o Evangelho de são João 6,35.51 ouvimos Jesus, o Filho de Deus, Verbo Encarnado dizer “Eu sou o pão da vida, quem crê e vem a mim não terá mais fome nem sede”. E ainda: “sou o pão vivo do céu, quem comer deste pão viverá para sempre”.
Vejamos, podemos encontrar motivações maiores para nos alegrar senão o fato de não mais sentirmos fome nem sede, ou ainda de que teremos vida para sempre?
Pois bem, verdadeiramente a Eucaristia é fonte de alegria, porque não comemos qualquer carne, mas a carne do Filho de Deus. Frente aos olhos humanos é só trigo e vinho, certo, mas ao se falar de Eucaristia, ultrapassamos o que é meramente humano e experimentamos nosso lado divino, na expressão e vivência da fé que recebemos de Deus no santo Batismo. A fé é dádiva de Deus, é fruto de seu amor por mim, por você, por nós. Ele que me amou por primeiro, que me criou à sua imagem e semelhança. Por esta fé, dom de Deus, o pão não é mais pão, mas a Carne; e o vinho, o Sangue d’Aquele que o Pai enviou, Jesus Cristo, nosso redentor.
Alguém poderá dizer que há outras motivações para a alegria sim em nossas vidas. Podemos até concordar, mas ressaltando, não a verdadeira alegria! Essas outras são motivações efêmeras, vazias e com toda certeza, limitadas, mas a razão de nossa alegria não perece, não se esgota, mas pelo contrário, “quem come este pão viverá eternamente e ressuscitará no último dia”. Assim ensinou Jesus na sinagoga em Cafarnaum.