terça-feira, 27 de outubro de 2015
Discurso da Posse
Dom Agenor, sua presença aqui, como presidente desta celebração
eucarística, testemunha que a posse do pároco é um gesto de confiança da
Igreja. Responsável por uma porção do Povo de Deus dentro da diocese, na
paróquia, é o pároco um servidor, está ele a serviço: servidor e a serviço da
Igreja numa determinada diocese; servidor e a serviço dos fiéis, nesta paróquia
de Nossa Senhora do Rocio. Assim vejo esta tomada de posse: não se pede para
ser pároco, para estar na linha de frente das responsabilidades, mas
responde-se a um apelo, a uma convocação: “Eis-me aqui. Envia-me”. Assim, a
tomada de “posse” não é uma “posse”, algo a que se apegar como propriedade
pessoal, mas serviço livre ao Senhor, à Igreja, aos fiéis e não-fiéis, na
resposta generosa e livre de um chamado, quando da subida ao altar do Senhor.
“Aqui estou,
envia-me”. Este versículo que ora e meia ouvimos traduz-se para mim numa
motivação vocacional. Diante de minhas fragilidades Deus continua se
apresentando como misericordioso e compassivo, um Deus que age também por meio
de pessoas que nos ajudam a compreender seu projeto de amor. Neste sentido
agradeço a confiança em mim depositada por parte do meu Instituto, na pessoa do
Reverendíssimo Frei Givanildo Lovo Pires, Prior geral e à Sua Excelência
Reverendíssima Dom Agenor, pela confirmação deste propósito.
Há quase nove meses, aqui cheguei, junto a nossos
postulantes, o tempo de uma gestação. E, portanto, toda gestação tem que vir à
luz, sabendo sempre dos desafios com que se deparará! É nesta dimensão de
desafio, mas também de muita esperança e alegria, que me apresento hoje no dia
de minha posse como Pároco da Paróquia Nossa Sra. do Rocio, depois de virmos
sendo gestados no correr desses nove meses. Nesta missão mais uma vez me é
forte o apelo do Senhor que me convida, para subindo ao seu altar, a avançar
para águas mais profundas. Nesta barca e com os lemes terei a alegria de contar
com a presença irmã, solidária e fraterna de meu confrade Frei Romão, que está
prestes a chegar, com quem já convivi no tempo de noviciado e frei Lyon, que
fora meu formando em 2012 e desde fevereiro estamos aqui juntos nessa missão
servitana, além dos meus formandos atuais, nossos prestimosos postulantes, com os
quais quero expressar a dimensão fraterna e profética da vida religiosa Missionária
Servitana, além da diaconia de nosso irmão o Diác. Marcos.
Consciente
de minhas inúmeras fragilidades, qual vaso de barro, confio esta paróquia aos
cuidados de uma rede de colaboradores. Cada vez mais vemos que, sozinhos, pouco
podemos realizar, numa sociedade cada vez mais complexa. Sonho com uma Igreja,
com uma fraternidade religiosa servitana, marcada pela corresponsabilidade,
pela comunhão, pela participação, onde cada um sente-se autor e ator, e não
mero expectador dos acontecimentos; onde cada um possa derrubar o muro da
indiferença, do comodismo, da falta de compromisso; onde cada frade, cada paroquiano,
possa de fato se comprometer com a construção de sua casa, de sua Igreja,
família de Deus. Assim almejo marcar
nossa vida pastoral, alicerçada na construção de uma Igreja em estado de
permanente missão, favorecendo uma Igreja casa da iniciação cristã, da Palavra
de Deus como comunidade de comunidades, a serviço da vida plena para todos,
como nos lembram as atuais Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no
Brasil, codificadas nas Diretrizes da Ação Evangelizadora da CNBB Paraná,
Regional Sul II, e no Plano Pastoral de nossa Diocese de União da Vitória.
Digo a
todos, não a alguns, podem contar vocês todos comigo. Não medirei esforços para
ser um pastor que procurará ajudar. Não me vejam como um super-homem, um homem
de aço. Sou de carne e osso, frágil e pecador. A mim foi pedido carregar a
carga mais pesada da administração, das responsabilidades pastorais desta
paróquia. Se carregarmos juntos, o peso tornar-se-á leve para todos. Embora nas
Missas dificilmente me verão rindo, não sou o padre tão sisudo, sério que já
alguns tenham dito, basta que nos aproximemos como pastor e ovelhas, para verem
que sou muito próximo e brinco sim, nos momentos oportunos e favoráveis. Os
olhos poderão fechar-se nalgum momento, mas o coração estará sempre aberto para
acolhê-los na misericórdia redentora do Pai!
Sobre minhas expectativas. Nesses nove meses aqui posso garantir
que ainda estamos no período da adaptação. Ainda há muito a conhecer. Mas nunca
se conhece como expectador de fora. Conhecimento é inserção. Caminho se faz é
na caminhada. Caminhemos, portanto. Assim, penso que devo esforçar-me para
conduzir a Paróquia do Rocio, em sintonia com as orientações da Diocese e
proposições do meu Instituto, em comunhão fraterna com os demais frades, para
as “águas mais profundas”, onde somente o Senhor torna-se nossa segurança.
Retornemos ao Senhor! “Reorientemos nossos corações para Deus, rejeitando o
orgulho e o egoísmo”. Consciente dos grandes desafios que o mundo urbano
secularizado apresenta para nossa Igreja, para uma vida de fé sincera e para a
defesa da unidade em Cristo, espero que em nossa Paróquia possamos encontrar
espaço para um encontro pessoal com o Senhor, fortalecendo os passos tantas
vezes cansados e as mãos trêmulas. Nutro também a expectativa de conseguirmos atingir
mais as pessoas, ir ao encontro delas, e não apenas esperar que elas venham até
nós... A todos meu muito obrigado, espero que à frente dessa paróquia, a Igreja
de NSJC possa contar com todos vocês, filhos da mesma.”
Frei Antoniel de Almeida Peçanha,MsS
Pároco da PNS do Rocio, em União da Vitória-PR empossado a 25 de
outubro de 2015
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