Aproximando-se
da celebração dos meus cinco anos de ordenação e lendo o livro “A Missão do
Presbítero – servir como pastor” de Juan María Uriarte, julguei oportuno
partilhar algumas de suas reflexões no que tange à identidade sacerdotal, neste
tempo em que nós, novos sacerdotes, enfrentamos tanto desafios em nosso
ministério, em nossa pastoral! Seja o secularismo, o ativismo, seja a crise dos
primeiros anos.
Uma
primeira reflexão é quando ele, o autor diz que “a ordenação nos faz
sacramentalmente presbíteros. A vida e os trabalhos dos primeiros anos nos
fazem existencialmente presbíteros.” Entendo aqui vários pormenores! Primeiro –
nos faz sacramentalmente... – sacramento é sinal, ou seja, a Igreja nos confere
a ordenação para sermos sinais, ou seja, sermos presbíteros, sacerdotes e,
consequentemente, como somos e o que e onde fazemos, sermos esse sinal. Teologicamente
falando, sinal do Sumo e Eterno Sacerdote Jesus Cristo. Sermos, portanto, um
sinal que ultrapasse o intenso e bonito rito da celebração, quanto mais
litúrgica e serenamente for realizada. Daí que são nossos trabalhos pastorais,
nossa vida sacerdotal que, de forma concreta,
far-nos-ão assumir o ser existencialmente presbíteros.
Penso
que passa por aquilo que aprendemos na academia, o sacerdócio não é nosso,
é-nos concedido pela Igreja para e na Igreja, que na próxima reflexão
partilhada, veremos que ultrapassa os “muros” da instituição, configurando, portanto,
todo nosso ser! Uma vez que o sacerdócio não é nosso, não podemos fazer dele e
com ele o que bem quisermos, melhor julgarmos. A Igreja bimilenar instrui-nos
no como e o que fazer.
A
outra reflexão aludida acima é “naturalmente, o sacerdote pode e deve ter vida
privada, relacionar-se com a família, deve ter relações de amizade, afeições
pessoais... Porém, tais áreas de sua vida não podem ser feudos isolados que
dividam o primado do ministério, mas espaços abertos e modificados por ele,
subordinados a ele em alguma medida e nele unificados. Tudo na vida do
presbítero há de ser voltado a seu ministério, estar coerente com ele ou, ao
menos, ser positivamente compatível a ele.”
A
meu ver, alguns irmãos sacerdotes experimentam uma intensa crise porque acham
que possuem duas vidas, uma estando padre no apostolado e outra quando considera erroneamente não sê-lo, dado que por
hora se exime do apostolado. Penso que ser padre não é um estado, ora sim, ora
não, mas uma configuração, quando nos é impresso um caráter, um selo in eternum, não ocasionalmente. Estando de
férias, com a família, numa festa com um grupo de amigos, num show, na Missa,
na faculdade (aluno ou professor), somos sempre padres. Não vestimos uma
fantasia ou entramos numa forma temporariamente. Ser padre é missão, vocação,
não profissão, por isso é todo sempre. Não cumprimos uma carga horária, mas
vivemos! Vive-se constantemente até à morte!
Termino
com uma outra breve explicitação do autor, dado que ainda estamos no início do livro, muito ainda há por
vir! Diz ele que “a unidade da pessoa inteira em torno de seu ministério (...)
requer: o equilíbrio entre interioridade e exterioridade; êxito, fecundidade e
fidelidade; aprender a linguagem celibatária do amor.” À medida que
prosseguirmos na leitura destacaremos outros pontos relevantes, dignos de serem
partilhados!