04/06/2014 EM ITAPORANGA
MISSA VOCACIONAL SERVITANA
“Subirei ao altar do
Senhor”.
Caríssimos filhos, meus caros
noviços, quanta alegria neste dia para mim, ao celebrar esta Santa Missa na
companhia de cada um de vocês, quando celebro três anos de ordenação
sacerdotal. Exatamente a três anos, a 04/06/2011, subia o altar de minha
comunidade natal, para entre lágrimas, ladeado pelos amigos e irmãos no
sacerdócio, pela imposição de minhas mãos recentemente ungidas, presidir minha
primeira Eucaristia, ainda que, parafraseando o centurião, não fosse digno que
o Senhor me concedesse sublime graça.
Este dia, é para mim, portanto, motivo de intensa
alegria, bem dizer às vésperas de Pentecostes, aniversário de fundação de nossa
Mãe Igreja, decidimos, o Espírito Santo, os noviços e eu, ocasionalmente,
celebrarmos essa missa com temática vocacional, o chamado que Deus faz a cada um de nós para
assumirmos uma missão na Igreja e no mundo, cada um segundo o estado de vida ao
qual se sente chamado pelo Senhor.
Possamos, pois, celebrá-la junto a vocês na Ação de
Graças pelo meu 3º ano de vida sacerdotal, bem como na celebração da vida de
Frei Henrique. Nestes três anos posso dizer que 2 ½ foram juntos a vocês, um em
comunhão com dois confrades e 1 ½ diretamente como vosso pastor, o que muito me
alegra. Já, três anos apenas nos quais me esforcei por corresponder à graça
divina, que me escolheu, me elegeu e me enviou!
Jamais podemos nos esquecer: é
sempre Deus quem chama, a iniciativa é sempre d’Ele. Chama-nos, escolhe-nos e
envia-nos, apesar de nossas fragilidades. Não importa a que somos chamados,
porém é preciso contar sempre com a graça de Deus e ter a plena consciência de
que “este tesouro”, isto é, este ministério, esta tarefa, este serviço “nós
o trazemos em vasos de barro”, isto para que, como nos diz São Paulo, este
incomparável poder seja de Deus e não de nós” (cf. 2Cor 4,7).
Além dos motivos já expostos
anteriormente, esta Santa Missa é, pois vocacional, ou seja, dado que o dever
de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, assim celebrar
essa Eucaristia é como que ter aquele mesmo olhar de compaixão de Jesus que ao
ver a multidão como ovelhas sem pastor “disse então, aos seus
discípulos: A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi,
pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe (Mt
9,37-38).
Num mundo em que os valores
cristãos, os valores do Evangelho são cada vez mais tratados com indiferença e
até mesmo rejeitados, reclama então uma palavra especial aos jovens e às jovens
no sentido de recordar-lhes que é bela a vocação, o chamado ao Sacerdócio e à
Vida Consagrada, recordar-lhes que o Sacerdócio e a Vida Consagrada são também
formas concretas de realização pessoal; que a consagração total ao Senhor e ao
seu Evangelho traz muita alegria, não sem incompreensões e, às vezes,
perseguições, mas Jesus nos garante: “Em verdade vos digo: todo aquele
que deixa casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e campos, por causa de mim e do
Evangelho, recebe cem vezes mais agora, durante esta vida — casas, irmãos,
irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, vida
eterna” (Mc 10,29). Assim, Jesus não nos engana, não nos garante uma
vida fácil, sem dificuldades, sem tribulações e sem perseguições, mas nos
garante: “No mundo tereis tribulação, mas tende coragem, eu venci o
mundo” (Jo 16,13).
É belo ser sacerdote, é bela a
vocação sacerdotal, mesmo sabendo que o nosso chamado se deu sem mérito algum
de nossa parte e que agora, mesmo não conseguindo fazer tudo como nos pede o
Senhor conforta-nos a essência de nosso ministério, “nós nos
apresentamos como vossos servos por causa de Cristo Jesus, Senhor” (2Cor,
45).
Sou feliz por ser sacerdote e,
talvez não seja mais não por causa do Senhor, ou por causa das
incompreensões e perseguições, mas por causa de minhas muitas limitações que me
levam às vezes a fazer o que não quero, o que não desejo, o que detesto,
contrariando Aquele que me chamou pelo nome e me convidou a subir o seu Altar.
Nestes momentos sinto a mesma inquietação de São Paulo que disse: “não
faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero” (Rm 7,19). Por
isso, esta celebração é também uma oportunidade de pedir perdão a Deus e à
Igreja pelo bem que não fiz, pelo mal que pratiquei nestes 3 anos de
sacerdócio. Hoje confirmo o meu “sim” a
Deus que me chamou “pelo nome” e à
Igreja que me escolheu para o Ministério Sacerdotal, me permitindo subir ao
altar do Senhor, e a Ele oferecer meu louvor e poder proclamar legitimamente,
Jesus vive e é o Senhor!