sexta-feira, 13 de maio de 2011

HOMILIA DO 4º DOMINGO DA PÁSCOA – PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO – PORTO SEGURO – ANO A – 15/05/2011

Irmãos e irmãs estamos já no 4º Domingo Pascal, parece ter sido ontem, que celebrávamos a grande a Vigília, onde cantávamos a uma só voz o Aleluia Pascal, glorificávamos a Deus pela ressurreição de seu Filho! Neste dia celebramos o “Domingo de Jesus, o bom Pastor”. Tal imagem era a que mais aproximava os cristãos das primeiras comunidades. E hoje, Jesus continua a pastorear a sua Igreja ao longo destes 21 séculos. Embora no céu continua a apascentar, a reger o sua grei, magnificament esta imagem transmite a relação entre Cristo e sua Igreja e entre Cristo e cada pessoa em particular.
A liturgia da palavra deste domingo apresenta-nos a imagem do “Bom Pastor”. Mas quem é o pastor? O pastor é um chefe e um companheiro. Um homem forte, capaz de defender o seu rebanho contra os animais selvagens; é também delicado com as suas ovelhas, conhece cada uma, o que o faz adaptar-se às diversas situações, levando-as em seus braços, tendo sentimentos de ternura por cada uma delas como se fossem suas filhas. A autoridade do pastor é indiscutível, pois se funda na entrega e no amor.
No Evangelho que ouvimos, há várias imagens relativas à figura do pastor. O aprisco, por exemplo: era um recinto cercado por muros de pedra, sobre os quais eram postos feixes de plantas espinhosas para impedir que as ovelhas saíssem e os ladrões entrassem. É bom frisar que, no tempo de Jesus, juntavam-se os rebanhos, ficando um único pastor a tomar conta das ovelhas, enquanto os outros iam dormir. De manhã, quando cada pastor se aproximava da porta, as ovelhas reconheciam imediatamente os passos e a voz, levantavam-se e seguiam-no, certas de serem conduzidas a pastagens de erva fresca e a oásis com água pura e abundante. Seguiam-no porque se sentiam amadas e protegidas, o pastor nunca as tinha desiludido ou traído.
Jesus Cristo é o pastor perfeito dado que dá a sua vida pelas ovelhas, o que lhe dá – o verdadeiro pastor – uma característica única: a ternura. Conhece as suas ovelhas pelo nome e chama-as «cada uma delas». Para Jesus não existem massas anônimas. Ele interessa-se por cada um dos seus discípulos, tem em conta os seus talentos, as suas virtudes e as fraquezas de cada um. Entende as dificuldades dos seus “filhos”, o que o faz não antecipar os tempos, não impor ritmos insustentáveis, mas considerar a condição de cada um, ajudando-os e respeitando-os.
Ele também diz: «Eu sou a porta». «Eu sou»: nada mais é do que a afirmação da sua divindade, à imagem do «Eu Sou Aquele que Sou». Quanto à porta, esta tem uma dupla função: deixa passar os donos da casa e impede a entrada aos estranhos (ladrões e salteadores). Sabeis como é descrito no Evangelho a obra do ladrão? Ele rouba, mata e destrói. Três verbos, que no fundo, resumem as obras da morte. Pelo contrário, a ação do pastor é descrita de forma totalmente diferente: o pastor vem trazer a vida e vida em abundância. Pela porta só passam os pastores, mas entram e saem também as ovelhas. Nesse sentido, só quem passa através de Jesus é que chega às pastagens verdejantes, encontra o pão que sacia e a água que brota para a vida eterna. Portanto, a Salvação está n’Ele e só n’Ele. Fora d’Ele, somos como «ovelhas desgarradas».
Jesus é a porta estreita porque pede a renúncia de cada um a si mesmo, o amor desinteressado pelos outros; mas é a única que conduz à vida, todas as outras são armadilhas, ratoeiras que levam a cair em abismos de morte: «larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele» (Mt 7, 13).
O que Jesus dizia era extremamente fácil e ia direto ao coração. Ele não veio para fazer discursos, mas para comunicar sua Vida para que todos tivessem vida e vida em abundância. A alegria do Pai é que demos frutos a partir dessa seiva de vida abundante à qual estamos unidos. João, ao falar sobre o pastor e as ovelhas, neste tempo pascal, revela-nos que a Ressurreição abre para todos a porta segura para as pastagens, isto é, a vida nova do Reino. Essa vida nova é a intimidade com o Pastor que, de Cordeiro ferido e sacrificado, se faz o Pastor do rebanho.
Jesus conta uma parábola cheia de símbolos muito ricos para o povo de Deus. Jesus se chama de Pastor em um relacionamento de proximidade com as ovelhas: Ele as conhece pelo nome e conduz para fora. Nós, os fiéis, não somos um número, somos pessoas amadas por Deus. As ovelhas o seguem porque conhecem sua voz. O relacionamento do Pastor com as ovelhas é de intimidade. Notamos que a religião não é negócio com Deus, uma troca, mas um mútuo conhecimento e um mútuo afeto. Esse modo de viver entre Pastor que conduz as ovelhas é o princípio da vida nova da Ressurreição. O bom Pastor – Jesus – quer dar a quem o segue um novo modo de vida que parte dele mesmo. Assume uma liderança diferente dos “assaltantes” que vieram antes dele. E quão grande o número de líderes que, infelizmente temos visto, tanto religiosos como fora da religião, que sugam as ovelhas em vista do interesse pessoal. É dessas lideranças que Jesus quer livrar seus queridos. Já no seu tempo Ele perde a vida para ser o bom Pastor. Mas há tantos padres, bispos e leigos que se entregam sem medida ao povo de Deus. São pastores com o Pastor.
Jesus usa uma imagem muito bonita para explicar como funciona a fé: o curral das ovelhas que tem uma só porta. Diz de si mesmo: Eu sou a porta para as ovelhas. Só há um modo de entrar no rebanho de Jesus, isto é, participar de sua comunidade: passando por Ele.
Toda a grei conhece o pastor que passa pela porta que é Jesus. Muitos usam Jesus, seu nome, suas palavras, até se alimentam d’Ele, mas não o seguem. Dão com a cara na porta ou perturbam as ovelhas. São ladrões e assaltantes. Vejam quantos não se aproveitam dos fiéis simples. São assaltantes! Não passaram por Jesus para chegar ao rebanho.
Jesus diz de si: Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Jesus deu a vida para que todos tivessem vida. Se não damos a vida, damos com a cara na porta.

ORDENAÇÃO PRESBITERAL



03 DE JUNHO NA CATEDRAL DE EUNÁPOLIS/BA