REFLEXÃO POR OCASIÃO DO ANO SACERDOTAL
Quanto ao sacerdócio, confiado a homens de boa vontade pela Santa Igreja? O que dizer? Que desafio em senhores padres!? Ainda mais nos tempos presentes – o laicismo, a secularização, o relativismo -, pois é muitos são os desafios para o padre hoje! Mas o sacerdócio que cada um recebe é dom de Deus, é graça! “No Cenáculo, em um instante, o Amor Infinito do Coração de Jesus operou duas maravilhosas criações: a Eucaristia e o sacerdócio.” É Cristo o sacerdote por excelência, o único sacerdote do Altíssimo, sem o qual nenhum sacerdócio pode existir. Razão pela qual, cada sacerdote pode hoje e sempre pôde enfrentar os desafios apresentados! E o ano sacerdotal alude-nos já com o tema: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdócio”, só mesmo sendo eternamente fiel a Jesus Cristo, o Eterno sacerdote, é que se pode então celebrar cinco, dez, vinte... tantos anos de sacerdócio!
Pelo sacerdócio o homem também sente a necessidade de subir para Deus por meio da oferta de um sacrifício. Conforme Madre Luisa Margarida de La Toche, “pelo sacerdócio o homem configura-se a Jesus Cristo pela pregação, no perdão, na atitude de consolar e no oferecer-se em sacrifício.” Assim brotam, em seu sacerdócio, as virtudes mesmas do Coração de Jesus – “o espírito de oração, a doação, o zelo, a mansidão, a humildade, a pureza, a misericórdia e, enfim, o amor pela Igreja, pela Mãe de Deus e pelas Almas”, que lhe são confiadas!
Concluo com as razões pelas quais se deve, o sacerdote celebrar sempre seu sacerdócio, e da parte dos fiéis, respeitá-lo, crê-lo e amá-lo, pois segundo Madre Luisa Margarida: “o sacerdote foi feito dispensador dos mistérios de Deus e dos tesouros de seu amor. Todas as coisas foram postas em suas mãos, a fim de distribuí-las às almas. Tem, por assim dizer, em si mesmo, o depósito dos mistérios da Verdade incriada dos tesouros do Amor Infinito. Oh! Como é grande o sacerdote! Como ele é digno de respeito e honra!” De suas mãos ungidas provêm as bênçãos para nossas vidas, vem a nós o próprio Jesus!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, o Sumo e Eterno Sacerdote!

A Juventude


Para a Pastoral da Igreja, este domingo é o Dia Nacional da Juventude. Traduzida em diversas iniciativas pelo Brasil afora, tentando reunir os jovens para celebrarem sua vida e refletirem sobre seus desafios.
A Diocese de Eunápolis promoveu um encontro especial com os jovens das comunidades, no Santuário Nossa Senhora D’Ajuda, Porto Seguro. Estávamos com a programação toda elaborada pelos próprios jovens. O encontro deixa de acontecer no local determinado por motivo de estar na região acontecendo alguns casos de meningite.
Esperamos que o entusiasmo inicial deste dia seja celebrado em cada comunidade paroquial e o encontro com todos os jovens da diocese que vivem a alegria de ser jovem cristãos seja marcada outra data, ainda este ano.
Quanto aos jovens, com certeza, a maioria deles nem tomou conhecimento da iniciativa, nem sabe que existe um dia nacional da juventude. Tal a crise de identidade que os jovens vivem hoje, que pouco lhes interessa saber se a sociedade está preocupada com eles, e lhes dedica um dia especial.
Não é fácil entender o que se passa hoje com a juventude. Nem é fácil lidar com os jovens. Que o digam os pais, que olham perplexos para seus filhos, e estranham a grande diferença de gerações. Que o diga a escola, que se arrepia com os problemas trazidos pelos alunos, e se vê incapaz de oferecer soluções. Que o diga a Igreja, que perdeu o contato com os jovens, e não sabe mais como reatar o diálogo com eles.
Também pudera. Todos estamos de acordo que vivemos uma época de mudanças alucinantes, a ponto de identificá-la não só como “uma época de mudanças, mas uma mudança de época”, como reconheceu recentemente a Conferência de Aparecida.
Pois bem, as mudanças incidem mais diretamente sobre os jovens. Eles estão ao desabrigo de refúgios protetores, que amaciam o impacto das rápidas transformações culturais em curso em nossos dias. Além do mais, os jovens são alvos escolhidos de quem se aproveita da situação para faturar em cima da fraqueza humana.
Os jovens se tornam alvo de manobras perniciosas, que tem sua tradução mais cruel e mais danosa na rápida disseminação da droga, que vitima tantas vidas no auge de sua pujança.
O mundo da droga, isto é, o complexo sistema de produção e comercialização de entorpecentes, sacrificando vidas sem nenhum escrúpulo para conseguir seus vis intentos financeiros, se constitui na maior praga que contamina hoje a humanidade, e que faz dos jovens suas vítimas preferidas.
Os grandes traficantes de drogas merecem nosso repúdio e nossa indignação, junto com a atenta atuação para, o quanto possível, frustrar seus macabros intentos. Eles se escudam atrás de intermediários, que ficam expostos à repressão policial, enquanto eles podem, tranquilamente, posar de beneméritos fariseus da falsa decência, com a cara de pau de se mostrarem cidadãos ilibados e beneméritos.
Em seu desamparo, e na sua ânsia compreensível de se lançarem nas aventuras da vida, os jovens foram passando por diversas situações, de onde saíram chamuscados e marcados na sua identidade. Primeiro foi o cinema, com seus encantos iniciais, que logo terminaram. Depois veio a televisão, que num primeiro momento absorveu a juventude, tolhendo seu espaço de convívio com a família e com a sociedade. Depois os jovens tomaram o rumo das ruas, ficando mais expostos às ciladas traiçoeiras dos falsos valores, da bebida, da droga e da banalidade. Agora são
atraídos pela internet, abrindo para eles um inesperado mundo virtual de sonhos que podem persistir por mais tempo, mas não deixam de ser ilusões irrealizáveis.
Pois bem, este é o mundo da juventude. Diante dele, não é o caso de desanimar. Pois apesar de tudo, os jovens conservam o desejo da vida, e a sede de valores autênticos. O melhor é desafiá-los, para que eles mesmos se tornem protagonistas de sua realização.
É o que a Diocese espera fazer no encontro deste domingo. Desafiar os jovens a assumirem sua missão. E confiar a eles o futuro da diocese, sejam eles a testemunharem suas vitórias e suas conquistas.
Jovem avante, sempre em alerta, Cristo Jovem conta com você!

Dom José Edson Santana Oliveira
Bispo diocesano de Eunápolis
Costa do descobrimento.