quarta-feira, 7 de junho de 2017

Homilia no 6º aniversário de Ordenação

Vigília de Pentecostes

Subo ao altar de Deus que é a alegria da minha juventude / Subo silenciosamente...
Como Maria cantou no Magnificat, “o Senhor fez em mim maravilhas...” hoje eu também canto: o Espírito Santo fez, faz e fará muitas maravilhas em minha, em nossas vidas! Que alegria celebrar essa Santa Vigília de Pentecostes, uma feliz espera: esperar porque quem prometeu é fiel, esperar orando, porque o Espírito Santo é imprevisível, por isso estamos nessa noite em vigília: se sabe que Ele vem, mas não se sabe de onde nem aonde nos levará, por isso subo ao Altar de Deus com o coração alegre e cheio de temor, como subia há seis anos na Catedral Sra. Auxiliadora em Eunápolis-BA para minha ordenação sacerdotal. É necessário, pois, abrir-se à ação do Espírito Santo, e ninguém melhor que Maria para nos ajudar. Maria era a mulher que sabia da fidelidade de Deus, de como Ele faz possível o que para nós é impossível. Ela tinha aprendido a guardar no seu coração tudo o que Deus lhe manifestava. Ela estava no cenáculo, também naquele dia, para rezar com a Igreja primitiva.
Chega, então, a hora: o Espírito vem! Dá-se uma mudança interior no coração de toda essa gente que desde o acontecimento do calvário não podia sair dos seus medos e inseguranças. Com a chegada do Espírito Santo todos esses homens e mulheres começam a escutar a Deus e a falar de Deus: “Se encheram do Espírito Santo e começaram a falar em línguas estrangeiras, cada um na língua que o Espírito lhe sugeria”. Nesse momento foi como se os discípulos abrissem uma janela para o mundo no local no qual estavam com as portas fechadas. Ao contrário da torre de Babel, com a qual os homens tratavam de construir sua própria maravilha para conquistar a esse Deus que não podiam arrebatar ou quando comeram a fruta proibida do Jardim do Paraíso para serem iguais a Deus, agora em Jerusalém as maravilhas que uns homens pregavam, mesmo falando línguas diferentes, eram as de Deus. Línguas diferentes que, longe de confundirem, eram as justas e necessárias para que os discípulos se fizessem entender por todos.
Como em Maria Santíssima, o Espírito realiza em nós também uma obra admirável. Realizou em mim há seis anos, quando nessa hora me ungia e me consagrava, fazendo-me Sacerdote. Enquanto o Senhor Jesus nos concede a coragem e Paz, o Espírito Santo nos faz experimentá-las, de fato. O discípulo supera o medo ao se entregar à fé e ao amor de Cristo e nas suas palavras. O Espírito que habita em nós infunde-nos coragem, espanta as trevas da mentira e inunda a alma da luz da verdade. A paz de Cristo é o antídoto poderoso contra o veneno paralisante do medo. Nós acolhemos esta paz e a alegria que vêm do Senhor quando conseguimos superar o apego a nós mesmos e nos libertamos da escravidão causada pelo egoísmo, pela arrogância da razão que quer tudo controlar, e pelo culto idolátrico do próprio eu.
Quando fui chamado ao sacerdócio não imaginava quão imenso era este dom, o chamado foi meio que do nada, no cotidiano da vida! Após ser ordenado sacerdote percebi “como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. Depois de Deus, o sacerdote é tudo! (…) Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu”, como afirmou o santo Cura D`Ars. O sacerdote não possui nada de extraordinário humanamente falando. Ele é um homem retirado do meio dos homens, homem das dores acostumado em meio às mesmas dores dos seus semelhantes.
Há quem se pergunte se o padre é feliz, se o padre é realizado, se ele aguenta a solidão ou o celibato. O padre é um pouco do que ele consegue se construir ao longo de sua vida, com suas experiências, com o tempo de formação no seminário, mas também é um pouco do que a comunidade lhe proporciona ser. Aqui há quase três anos digo que há, já, um tanto de vocês em mim e espero que de mim em vocês. Ninguém passa na vida do outro por acaso, como diz o poeta. Sempre leva um pouco de nós, sempre deixa um pouco de si. Aqui devo agradecer a todos, afinal são meus filhos: sou um pouco daquilo que ajudam a fazer de mim. Obrigado por forjarem um sacerdote em busca de ser conforme o Coração de Jesus e o sonho de Deus. Ainda que não percebam, vocês são instrumento de Deus na minha vida, por isso eu sou grato a Deus e a todos.
Hoje, socialmente é um dia em que deveria ganhar presentes, rsrsrsrs... assim, peço-vos: rezem comigo pelas vocações sacerdotais e religiosas. São João Maria Vianney, patrono de todos os padres, faz um apelo dramático para que se rezem pelas vocações, afirmando que se uma paróquia ficar sem padre por 20 anos, ali logo se adorará às bestas! Pedi, disse Jesus, pedi ao dono da messe para que envie trabalhadores... e faltam trabalhadores, faltam operários!

Caros filhos, que à luz desta Palavra de vida se torne ainda mais ardente e intensa a oração, que no dia de hoje elevemos a Deus em união espiritual a Virgem Maria, Sra. de Pentecostes. A Virgem da escuta, a Mãe da Igreja, obtenha para nós e nossas comunidades, pastorais e movimentos e todos os cristãos uma renovada efusão do Espírito Santo Paráclito. “Enviai o vosso Espírito, tudo será recriado e renovareis a face da terra”. Amém!

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